As amostragens seguirão o mesmo protocolo que vem sendo adotado de modo ininterrupto desde agosto de 1996 em oito estações de coleta (duas na praia oceânica adjacente e seis em zonas rasas do estuário)  realizando-se cinco arrastos de praia com rede tipo picaré (9m de comprimento, 13mm de malha nas asas e 5mm no centro). Dados abióticos serão mensurados in situ (temperatura, salinidade e transparência) Ação de longo prazo dos fatores antrópicos “pressão de pesca” e “perda de habitats”: Considerando-se a inexistência de medidas precisas que representem a ação de longo prazo dos fatores antrópicos “pressão de pesca” (inexistem dados confiáveis sobre a evolução do esforço de pesca artesanal na região) e da “perda de habitats” (em decorrência do desenvolvimento urbano/industrial da cidade) dos peixes e crustáceos que utilizam as zonas rasas do ELP, foram selecionadas seis espécies de peixes dominantes, como possíveis indicadoras dessas pressões.
São consideradas espécies-indicadoras do fator “pressão de pesca”: Brevoortia pectinata, Micropogonias furnieri e Mugil liza, importantes recursos explorados pelas frotas artesanal e industrial, e também capturadas acidentalmente (“by-catch”) pelas pescarias desenvolvidas por estas frotas (Reis et al. 1994; Vieira et al. 1996; Haimovici et al. 2006).

 


Atherinella brasiliensis e Odontesthes argentinensis são espécies associadas a habitats vegetados no ELP (Garcia & Vieira 1997) e pouco capturadas pela pesca, seja intencional ou acidentalmente (Vieira et al. 1996; Vieira et al. 2010). Jenynsia multidentata apresenta oportunismo no uso do ambiente e viviparidade, que, provavelmente a torna resiliente aos distúrbios naturais e antrópicos (Garcia et al. 2004). Entretanto, como esta é uma espécie estuarino-residente, abundante e frequente em zonas rasas do ELP (Vieira et al. 1998), assume-se neste estudo que mudanças de longo prazo em sua abundância reflitam as alterações de habitat estuarinos, especialmente os vegetados. Assim como, mudanças de longo prazo na abundância de A. brasiliensis e O. argentinensis reflitam os distúrbios sobre os habitats estuarinos em geral. A análise de risco de invasão de espécies exóticas usadas na aquicultura, seguirá as recomendações propostas por Aquatic Nuisance Species Task Force para organismos aquáticos não nativos em geral (Risk Assessment and Management Committee 1996). O potencial invasivo das espécies será determinado com base em protocolo que investiga atributos relacionados a biogeografia, histórico, biologia e ecologia das espécies (Copp et al. 2005). Ao modelo serão incorporados dados de confiança à análise (Copp et al. 2009). As espécies com alto potencial invasivo serão avaliadas quanto a probabilidade de sucesso de invasão através de modelos de nicho ecológico, que utiliza softwares (GARP) para comparar parâmetros ambientais (Peterson 2003; Kolar 2004; Chen et al. 2007) dos locais de ocorrência das espécies e projeta onde ocorrem áreas similares. A análise de impactos das invasões abordará as consequências ecológicas. Mapas de risco de invasão de espécies serão elaborados utilizando-se um Sistema de Informações Geográficas utilizando-se software ArcGIS 10, com base no somatório da probabilidade de invasão do organismo e as suas possíveis consequências e da avaliação de risco da via de introdução (pressão de propágulo).