Sítios do PELD estudam os efeitos das mudanças climáticas

A questão climática já vem sendo tema de pesquisas há algum tempo. Muitas dessas pesquisas estão inseridas no âmbito dos sítios do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD. Alguns sítios coletam dados há mais de 40 anos, como é o caso do Estuário da Lagoa dos Patos. Os outros são sítios recentes, estabelecidos em 2012, que estão iniciando as coletas.

O PELD apóia 30 sítios de pesquisa de referência distribuídos nos mais diversos ecossistemas brasileiros. A observação e monitoramento dos efeitos das mudanças climáticas estão entre as questões mais relevantes atualmente. Quinze dos trinta sítios PELD abordam este importante tema de pesquisa.

Os ecossistemas estudados são bastante diversos, passando por áreas úmidas e de terra firme na Amazônia, fragmentos de Mata Atlântica, planície de inundação, áreas costeiras, campos de altitude, recifes de coral em Abrolhos.

A pesquisa é voltada para a criação de séries de dados temporais que permitam estudar o ecossistema, sua biota associada, estrutura e funções. Partindo dessa perspectiva, os pesquisadores desenvolvem as suas pesquisas, que são de cunho interdisciplinar e voltadas para o avanço do conhecimento sobre a estrutura e funções ecossistêmicas, abordando temas como serviços ecossistêmicos, formas de manejo sustentável, impactos de perturbações naturais e antrópicas face à necessidade de preservação ambiental.

Os resultados dessas pesquisas têm permitido o avanço do conhecimento sobre os efeitos das mudanças climáticas nos ambientes e sua biota associada.

Em Abrolhos, alterações na estrutura dos recifes mais rasos foram observadas, com aumento da dominância de algas folhosas e microorganismos em detrimento das populações de organismos construtores, alterando o funcionamento recifal.

Na Floresta Nacional de Caixuanã, um experimento de exclusão de chuva que já dura 10 anos colocou em evidência a vulnerabilidade da floresta a secas prolongadas. Os pesquisadores foram capazes de observar maior mortalidade arbórea, menor produção de biomassa aérea, perdas de nutrientes do solo e redução do número de espécies de plantas de sub-bosque.

No Estuário da Lagoa dos Patos, foi possível demonstrar os efeitos dos fenômenos de El Niño e La Niña sobre o regime hidrológico, com variações de salinidade e tempo de residência da água no estuário, que tem impactos sobre a estruturação do habitat e comunidades bentônicas, planctônicas e nectônicas.

Na Baia de Guanabara, também estão sendo observadas as influências antagônicas dos períodos de El Niño, quando a pluviosidade acarreta uma acentuada poluição e eutrofização da baía; e La Niña, quando o fenômeno de ressurgência cria uma situação mais favorável ao equilíbrio do ecossistema.

Na planície de inundação do Alto Rio Paraná, observou-se um aumento da biomassa de cianobactérias toxigênicas nos períodos de extrema seca, como também uma condição favorável à invasão da macrófita exótica Hydrilla verticillata em detrimento da nativa Egeria najas. Além disso, dados sobre peixes migradores foram utilizados em modelos climáticos que previram a diminuição da distribuição e riqueza de espécies, com possível perda maciça de espécies.

Nas áreas úmidas da Amazônia, a série temporal do nível das águas no Porto de Manaus, com registros diários desde 1902, vem sendo utilizada em estudos sobre o efeito da inundação na dinâmica das florestas alagáveis. Foi possível observar que, em períodos seguidos de La Niña, houve massiva mortalidade de árvores e arbustos pela inundação continuada do sistema radicular.

Coordenação de Comunicação Social do CNPq