Serão coletadas duas áreas no ELPA (Fig. 1) e *uma na praia oceânica adjacente (zona de arrebentação, ZA). No ELP, as coletas serão realizadas com apoio de embarcação de pequeno porte (bote de alumínio, motor de popa) em pradarias de fanerógamas, planos rasos de lama, marismas e praias arenosas. Na praia oceânica, as coletas serão realizadas na ZA (<2m). As amostras serão obtidas em triplicata para cada espécie dos principais produtores primários como macroalgas, fanerógamas submersas, além de detrito, perifíton (microalgas bentônicas) e seston (fitoplâncton e detrito em suspensão, <50 μm). As amostras de macroalgas e fanerógamas serão obtidas manualmente conforme descrito acima (item 5.4. Vegetação Submersa). O perifíton será obtido através de raspagem (com espátula ou faca) de pecíolos de plantas aquáticas, troncos e outros materiais que servem de substrato para o estabelecimento desta comunidade (Felisberto & Rodrigues 2005). Após a coleta, este material será armazenado em sacos plásticos e conservado em gelo durante seu transporte até o laboratório. As amostras de seston serão coletadas utilizando-se uma bomba de sucção manual, a qual servirá para filtrar o material suspenso na água num filtro pré-queimado de 500μm. O filtro será envolto em papel alumínio, armazenado em saco plástico e preservado no gelo durante o transporte até o laboratório. Amostras da água também serão coletadas e fixadas em formol (4%) para posterior análise quantitativa da composição do  fitoplâncton. Espécies de fitoplâncton dominantes e representativas da zona de arrebentação na região (e.g., a diatomácea Asterionellopsis glacialis) serão separadas no microscópio e também terão sua composição isotópica determinada. Dos consumidores, serão coletados espécimes conspícuos e dominantes da macrofauna na região estuarina (ELP) e zona de arrebentação (ZA), com base em estudos prévios (Seeliger et al. 1997):

 

Organismos consumidores: Infauna/Epifauna:

- gastrópode Heleobia australis (ELP)

- tanaidáceo Kalliapseudes schubartii (ELP)

- poliqueta Laeonereis culveri (ELP)

- bivalvo Erodona mactroides (ELP)

- bivalvo Mesodesma mactroides (*ZA)

- bivalvo Donax spp (*ZA)

- Tatuí Emerita brasiliensis (*ZA)

 

Organismos consumidores: Macrocrustáceos decápodos

- siri azul Callinectes sapidus (ELP+*ZA)

- camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (ELP+*ZA)

- caranguejo Arenaeus cribrarius (*ZA)

 

Organismos consumidores: Peixes

- tainha Mugil platanus (ELP+*ZA)

- corvina Micropogonias furnieri (ELP)

- peixe-rei Atherinella brasiliensis (ELP)

- peixe-rei Odontesthes argentinensis (*ZA)

- pampo Trachinotus marginatus (*ZA)

- linguado Oncopterus darwini (*ZA)

 

Os organismos da infauna e epifauna serão coletados através um tubo de PVC (diâmetro 10cm; área 0,0078m2) ou pegador de fundo tipo ‘van-Veen’ (área 0,078m2), ambos com profundidade de enterramento de 20cm, e posteriormente peneirados numa malha de 300μm (Pinto & Bemvenuti 2003). Os macrocrustáceos decápodes e os peixes serão obtidos com o uso combinado de rede de arrasto de praia, rede de arrasto de fundo e tarrafa. Para os consumidores como os peixes, que atingem maior tamanho (>15cm), amostras de diferentes classes de tamanho da espécie (juvenis e adultos) serão obtidas, para que possíveis variações ontogenéticas possam ser avaliadas. Todas as amostras serão armazenadas em gelo e transportadas ao laboratório, onde serão armazenadas até o seu pré-processamento. As amostras biológicas serão descongeladas e processadas seguindo-se o protocolo descrito em Garcia et al. (2007): 1) lavagem das amostras com água destilada para a retirada de possíveis materiais aderidos; 2) retirada de tecido das amostras para o processamento (p.ex., folhas das fanerógamas, tecido muscular (5g) dos peixes); 3) disposição das amostras em placas de Petri, previamente esterilizada com banho de HCl por 24h, e levadas ao forno (60°C) por 48 horas; 4) permanência das amostras no dessecador por algumas horas; 5) moagem das amostras utilizando-se grau e pistilo; 6) armazenamento das amostras (em pó) em vidros esterilizados. Após, as amostras serão enviadas para laboratório especializado, onde o material será gaseificado e analisado em espectrômetro de massa. As razões isotópicas das amostras (13C/12C e 15N/14N) serão comparadas com os padrões comumente adotados, “marine limetone fossil” para o carbono e ar atmosférico para o nitrogênio, e serão expressos da seguinte forma (Peterson & Fry 1987): δ13C(‰) = [(13C/12Camostra) / (13C/12C padrão-1)] x 1000 δ15N(‰) = (15N/14Namostra) / (15N/14Npadrão-1)] x 1000. A importância relativa dos produtores primários e outras fontes orgânicas (POM, SOM) ou das presas como fonte de carbono aos macroconsumidores será identificada e quantificada a partir de modelos de mistura de isótopos que utilizam equações de balanço de massa, e as assinaturas isotópicas distintas das fontes alimentares em relação à mistura da assinatura dos consumidores (Phillips & Gregg 2003; Parnell et al. 2010). Os valores de δ15N serão utilizados para estimar posições tróficas dos macroconsumidores (Post 2002).