Resumo

O estuário da Lagoa dos Patos tem sofrido modificações na sua dinâmica hidrológica e ecológica durante as últimas décadas, por causas tanto naturais como antrópicas. Dentre estas, destacam-se reduções na abundância e modificações na estrutura da vegetação aquática submersa (VAS), particularmente das pradarias dominadas pela fanerógama marinha Ruppia maritima. Embora possam tolerar um amplo regime de luz, temperatura e salinidade, hidrodinâmica e dinâmica sedimentar são fatores chaves para o estabelecimento, desenvolvimento e permanência das pradarias no estuário da Lagoa dos Patos. A análise dos últimos 30 anos mostrou que a variabilidade interanual e interdecadal das populações é correlacionada com as variações da descarga fluvial e suas conseqüências para a qualidade da água e dinâmica sedimentar. O processo anual de reestabelecimento é bastante complexo e variável, dependente do banco de sementes e da disponibilidade de nutrientes no sedimento, da estabilidade sedimentar e hidrológica durante o estabelecimento de plântulas, da abundância de outros produtores primários (microfitobentos e algas de deriva), entre outros aspectos. Nos últimos anos tem sido observadas ainda fase shifts ou transições para estágios dominados por macroalgas de deriva. As causas e conseqüências ecológicas do aumento e persistência destas algas no estuário da Lagoa dos Patos ainda foram pouco investigadas. Mundialmente, a redução de hábitats de pradarias acarretam consequências negativas aos ecossistemas costeiros, comprometendo a sustentabilidade das atividades pesqueiras e de outros serviços ecológicos. Perdas destes habitats podem ainda alterar a hidrodinâmica e a estabilização de sedimentos em áreas rasas, além de  modificar a capacidade de estoque e seqüestro de carbono dos ambientes costeiros. O presente projeto objetiva estudar a dinâmica da VAS no estuário da Lagoa dos Patos, investigando as relações existentes entre modificações do regime hidrológico, qualidade da água e variações na estrutura e abundância das populações de plantas e macroalgas. Isto será realizado através do monitoramento contínuo da VAS e parâmetros abióticos da água, de avaliações sobre o banco de sementes do sedimento, da aplicação de técnicas de sensoriamento remoto e da sistematização e análise de banco de dados climáticos e hidrológicos.


Objetivos

Estudar a dinâmica da vegetação aquática submersa (VAS) no estuário da Lagoa dos Patos, investigando as relações existentes entre modificações do regime hidrológico, qualidade da água e variações na estrutura, abundância e distribuição das populações de plantas e macroalgas. Os objetivos e metas específicas são:

1) Consolidar o programa de monitoramento contínuo da VAS e dos parâmetros abióticos da água, iniciado pelo programa PELD em 1999;


2) Descrever a variabilidade espaço-temporal da distribuição e abundância da VAS, através da aplicação de técnicas de sensoriamento remoto;


3) Avaliar o ambiente sedimentar das áreas vegetadas, através de estudo sobre a abundância e composição do banco de sementes e de características físico-químicas do sedimento (granulometria, matéria orgânica, carbono orgânico);


4) Quantificar o estoque de carbono presente na vegetação e no sedimento das pradarias de fanerógamas submersas, durante a estação de crescimento;


5) Avaliar os efeitos de fatores climáticos e hidrológicos sobre a abundância, transporte e acúmulo de macroalgas de deriva nas enseadas rasas estuarinas;


6) Investigar os efeitos do acúmulo de marés verdes sobre as comunidades bentônicas (fanerógamas marinhas e macrofauna);

 
7) Sistematizar um banco de dados bióticos e abióticos sobre os hábitats vegetados submersos do estuário da Lagoa dos Patos, integrado aos programas de monitoramento ReBENTOS, SeagrassNet and Global Coastal Carbon Data Archive.

Participantes: Margareth Copertino (Coordenadora); Evlyn M. L. M. Novo; Waterloo Pereira Filho; Carlos Alberto Eiras Garcia, Marianna Lanari.

Financiamento: CNPq