Resumo

As respostas das comunidades e populações às mudanças climáticas em ecossistemas marinhos podem se acomodar mais rapidamente no oceano aberto (e.g. por migração) do que em regiões costeiras, onde a mobilidade das espécies é mais restrita e os impactos antrópicos mais severos. Os efeitos das mudanças climáticas somam-se a diversas outras pressões que estes ambientes já sofrem como poluição aquática, sobrepesca e perda ou fragmentação de habitats. Os habitats intermareais e do infralitoral raso poderão estar comprometidos com a elevação do nível do mar, devido à ocupação humana, às modificações e impactos no pós-praia e planície costeira e interação com os ecossistemas naturais adjacentes (terrestres ou de água doce). No Brasil, a pesquisa sobre a estrutura e funcionamento das populações e comunidades dos ecossistemas costeiros encontra-se fragmentada e não focada na avaliação dos impactos antrópicos e das mudanças climáticas. Desta maneira, diferentes protocolos são aplicados por cada grupo de pesquisa e região. Embora possa responder bem questões específicas e localizadas, isto tem dificultado comparações e integração dos dados, impossibilitando maiores avaliações sobre a situação dos habitats bentônicos e das suas comunidades, assim como a detecção de modificações, independente de suas causas. Adicionando-se ao fato de que muitos dos resultados destas pesquisas não estão disponíveis para a comunidade internacional, a costa brasileira ainda permanece fora das avaliações globais sobre as conseqüências de modificações antrópicas e climáticas. Neste aspecto é imperativo a integração de pesquisadores da área, a consolidação do conhecimento existente e a implementação de uma rede observacional contínua e permanente.


ReBentos - Projeto Praias Arenosas

Objetivos: propiciar condições para a consolidação de uma rede de pesquisa para investigar a vulnerabilidade de praias arenosas e os efeitos de alterações ambientais sobre a biota destes ambientes na costa brasileira.

1. Identificação de iniciativas existentes – identificar redes existentes que busquem avaliações como as propostas aqui em praias arenosas em outros locais do mundo; contatar seus responsáveis para discutir, virtualmente, sobre protocolos e formas de integração dos dados;
2. Definições metodológicas – definir um protocolo de coleta baseado na estrutura da rede, de modo a ter uma avaliação geograficamente ampla somada a uma abordagem temporalmente contínua;
3. Captação de recursos adicionais – estabelecer uma estratégia para captação de recursos adicionais pelos participantes da rede para realização das atividades de campo e complementação da estrutura laboratorial;
4. Levantamento de dados – dar início à obtenção de dados biológicos, considerando a
macrofauna de praias arenosas e o caranguejo Ocypode quadrata, bem como a avaliação de parâmetros abióticos;
5. Avaliação e acompanhamento – sistematizar e divulgar os resultados obtidos em workshops anuais internos e em reuniões anuais do SISBIOTA-Brasil, bem como em canais tradicionais de divulgação científica;
6. Sustentabilidade da rede – estabelecer uma estratégia de ação que contemple a continuidade das atividades e os desdobramentos do projeto, como ações voltadas para a conservação da biodiversidade de praias arenosas e propostas de políticas públicas para o manejo desse ambiente.

Coordenadora: Dra. Antônia Cecília Amaral.
Participantes: Dr. Alexander Turra, Dr. Ângelo Fraga Bernardino, Dr. Carlos Alberto Borzone, Dr. Leonir André Colling; Dr. Francisco de Barros Junior; Dr. José Souto Rosa Filho, Dr. Paulo Lana, Dra. Valéria Gomes Veloso.
Órgão Financiador: CNPq

ReBentos - Projeto Estuários (Mangues, Marismas e Fundos não-vegetados)

Objetivos: os esforços para a conservação dos ecossistemas estuarinos no Brasil são extremamente importantes, mas em geral restringem-se a estudos de natureza local ou regional. Os métodos e práticas adotados nestes estudos são também variáveis, inviabilizando a formação de um banco de dados coerente e consistente que auxilie o monitoramento destes sistemas em vista das mudanças climáticas projetadas. Este projeto pretende promover a padronização de métodos e técnicas mais adequadas para os desafios atuais, com o objetivo de:

1. Induzir e consolidar uma rede de estudos de manguezais e marismas, que incorpore a dinâmica da vegetação com o bentos, integrando grupos de pesquisa das principais regiões biogeográficas brasileiras;
2. Iniciar a montagem de uma inédita base de dados a nível nacional, a partir de métodos padronizados, que forneçam subsídios científicos para a conservação e manejo destas áreas;
3.  Identificar e viabilizar estudos da biodiversidade e funcionamento bentônicos em áreas prioritárias para monitoramento de longa duração de manguezais e marismas (em consonância com as PELD-CNPq);
4. Promover a captação de financiamentos junto às fundações de amparo à pesquisa estaduais e da iniciativa privada, dentro do objetivo geral do SISBIOTA/CNPq, visando o estudo, levantamento de dados e monitoramento de áreas estratégicas para a coservação destes ecossistemas;
5. Promover a internacionalização de grupos de pesquisa brasileiros com projetos de conservação mundiais destas áreas, e fomentar a formação de recursos humanos de alta qualidade.

Coordenador: Dr. Ângelo Fraga Bernardino; Colaboradores: Dr. César Bonifácio Costa, Dr. Francisco Barros, Dr. Leonir André Colling, Dr. Mario Soares, Dr. Paulo Lana, Dr. Paulo Pagliosa, Dr. Sérgio Netto, Dra. Yara Scheffer Novelli.
Órgão Financiador: CNPq

ReBentos - Projeto Fundos Submersos Vegetados

O objetivo é estruturar e consolidar uma rede de pesquisa nacional, para investigar o estado atual do conhecimento científico e de conservação dos fundos marinhos vegetados, assim como diagnosticar a vulnerabilidade destes habitats às alterações ambientais, sejam estas naturais, antrópicas ou decorrentes das mudanças climáticas globais. A rede visa obter informações sobre a distribuição, abundância e composição das pradarias de plantas submersas (fanerógamas marinhas e macroalgas associadas) e a influência da sua presença/ausência sobre a diversidade e abundância da macrofauna bêntica. O projeto visa promover uma discussão sobre a logística e protocolos metodológicos aplicados, assim como as ações que deverão ser desenvolvidas por pesquisadores e grupos situados nas mais diversas regiões do país.
Os objetivos específicos do projeto são:

1. Avaliar o estado atual do conhecimento sobre a biodiversidade e ecologia das comunidades dos habitas vegetados submersos em regiões costeiras e estuarinas, assim como o estado de conservação e saúde destes sistemas;
2. Realizar um diagnóstico preliminar sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas sobre fundos submersos vegetados da costa brasileira, através do monitoramento contínuo e da otimização de banco de dados pré-existentes, os quais contêm informações sobre dinâmica física dos ambientes costeiros e respostas ecológicas das populações e comunidades;
3. Identificar e mapear os principais bancos de fanerógamas marinhas da costa brasileira, avaliando sua distribuição, extensão e dinâmica espaço-temporal;
4. Definir e estabelecer protocolos sistemáticos e comparativos de monitoramento contínuo e permanente de parâmetros bióticos e abióticos dos fundos vegetados e áreas submersas adjacentes, que possa ser aplicado ao longo de toda a costa brasileira;
5. Estabelecer e consolidar a rede observacional à nível nacional, com adesão de grupos de pesquisadores que possam coordenar as ações de monitoramento nos locais pertinentes ao desenvolvimento de fundos vegetados.

Coordenador: Dr. Joel Creed. Colaboradores: Dra Antonia Cecília Amaral, Dr. Francisco Barros, Dr. Leonir André Colling, Dra. Margareth Copertino, Dr. José Souto Rosa Filho, Dr. Paulo Horta, Dr. Paulo Pagliosa, Dr. Sérgio Netto, Dra. Virág Venekey.
Órgão Financiador: CNPq