Resumo

Habitats de fanerógamas marinhas estão globalmente em declínio, por causas antropogências e naturais, sendo também altamente vulneráveis aos impactos causados pelas mudanças climáticas globais. Dentre as prováveis conseqüências das mudanças climáticas, destacam-se mudanças latitudinais na distribuição das espécies, assim como modificações na composição e abundância das comunidades. Devido ao aquecimento global, por exemplo, espera-se que espécies tropicais ampliem sua distribuição em direção a regiões temperadas, além do aumento na incidência de macroalgas oportunistas. Com quase 9.000 km de extensão, o litoral brasileiro é ideal para testar hipóteses sobre possíveis modificações na distribuição geográfica das espécies e na composição das comunidades. Duas espécies de fanerógamas marinhas que ocorrem no Brasil estão na lista de vulneráveis: 1) Halophila baillonii descrita para apenas um local do Nordeste e 2) Halodule emarginata, endêmica do Brasil, cujo status foi considerado insuficientemente conhecido. Para implementar monitoramentos eficientes, com escala geográfica relevante, e identificar os efeitos de mudanças climáticas sobre os habitats de fanerógamas marinhas submersas, precisamos de informações sobre a composição específica, distribuição geográfica e extensão das pradarias brasileiras. Tais informações são fundamentais ao planejamento da conservação e manejo destes habitats, particularmente com relação aos estudos sobre a resiliência destas comunidades.
As fanerógamas marinhas possuem ainda papel importante como depositórios de carbono costeiro (“carbono azul”). Embora as estimativas recentes apontem para valores surpreendentes de estoques e taxas de seqüestro, existem ainda grandes incertezas científicas e muitas lacunas regionais a serem preenchidas. A área global ocupada por fanerógamas marinhas não esta completamente mapeada, e pouco se sabe sobre as taxas de perda destes ecossistemas, com enormes lacunas existentes no Brasil e América do Sul.


Objetivos

Mapear e quantificar a extensão de habitats formados por fanerógamas marinhas no Brasil, de modo a subsidir estudos sobre os efeitos de modificações antropogênicas e mudanças climáticas globais, e futuras ações de manejo e conservação destes habitats costeiros. Os objetivos específicos são:

 

1) Avaliar o estado atual do conhecimento sobre a biodiversidade, abundância e aspectos ecológicos das pradarias de fanerógamas marinhas no litoral brasileiro
 

2) Identificar e mapear os principais bancos de fanerógamas marinhas da costa brasileira, avaliando sua distribuição, extensão e dinâmico espaço-temporal;
 

3) Realizar diagnósticos sobre a saúde ou estado de conservação dos habitats de pradarias de fanerógamas marinhas do Brasil;
 

4) Investigar padrões que expliquem a distribuição biogeográfica atual das pradarias de fanerógamas marinhas brasileiras;
 

5) Estabelecer e consolidar uma rede de pesquisa nacional que vise o estudo e monitoramento contínuo das pradarias;
 

6) Gerar um modelo preditivo para explicar a distribuição espacial das espécies e a abundância das populações de fanerógamas marinhas brasileiras;

 

Participantes: Joel Creed (Coordenador); Karine Magalhães; Margareth Copertino; Paulo Horta


Financiamento: CNPq