As amostragens serão realizadas à bordo de uma lancha equipada com motor de popa de 90HP, rádio VHF e ecossonda. Estudos prévios utilizando transecções de aproximadamente 3mn perpendiculares à costa, demonstraram que os botos se concentram na primeira milha (Di Tullio 2009), portanto, a coleta de dados seguirá deslocamentos aleatórios nesta faixa, a distâncias de 20km ao norte e ao sul da barra de Rio Grande. No ELP, transecções em zigue-zague serão conduzidas desde a desembocadura até aproximadamente 25km ao seu interior. Os grupos de botos encontrados durante as saídas de campo, realizadas desde 2005, no ELPA vem sendo fotografados aleatoriamente, seguindo a metodologia de Würsig & Jefferson (1990), para que fosse possível identificá-los a partir de marcas de longa duração presentes em suas nadadeiras dorsais. A partir do posicionamento geográfico dos indivíduos foto-identificados, será possível estimar o padrão de distribuição dos indivíduos ao longo dos últimos anos e verificar se houve variações interanuais ou sazonais em sua distribuição. As estimativas do uso da área serão calculadas através do estimador de kernel fixo, que é uma abordagem probabilística que fornece informação sobre a utilização espacial na área de uso, com o método de validação cruzada por mínimos quadrados para selecionar o parâmetro de suavização (Seaman & Powell 1996). Com isso, a área de uso será delimitada pelo kernel de 95% e a área preferencial pelo kernel de 50%. Todas as análises serão feitas no programa ArcView 9.3, através de suas ferramentas de geoprocessamento.                                                            

 

 

 

 

                                                              FOTO-IDENTIFICAÇÃO

 

 

O BOTO, Tursiops truncatus

 

Amostras de pele serão obtidas a partir de biópsias de alguns indivíduos dos grupos encontrados, utilizando-se uma balestra e flecha com ponteira adaptada. A pele dos animais será analisada quanto a razão de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio, e suas variações sazonais e interanuais (ver metodologia abaixo). Além disso, utilizar-se-á o banco de dados do Laboratório de Tartarugas e Mamíferos Marinhos que possui uma coleção científica que conta com crânios e dentes de botos coletados ao longo de mais de 30 anos. O dente de
cada animal será cortado para estimar a idade e retirar amostras de dentina de cada linha de crescimento (que corresponde a um ano de vida do animal) a partir das quais serão feitas as análise de isótopos estáveis e de elementos-traço (especialmente Ba). Esta série temporal de dentes será utilizada para avaliar mudanças nos valores da razão Ba:Ca e de isótopos estáveis ao longo do tempo. Mudanças nos valores de isótopos de nitrogênio poderão indicar mudança de nível trófico médio das presas dos botos, enquanto alterações dos valores de isótopos de carbono podem indicar mudanças nos produtores que sustentam o sistema. Variações na razão Ba:Ca poderão indicar oscilações nos níveis de pluviosidade pois a concentração de Ba tende a diminuir em água salgada.