A temperatura, condutividade, salinidade, pH, oxigênio dissolvido, potencial de oxido-redução, turbidez (Multiparâmetro HI9829, Hanna Instruments, USA), nível (régua) e transparência (Secchi) da água serão obtidos em 7 pontos (4 áreas rasas e 2 canal). Amostras de água (N=3) serão coletadas e filtradas para a determinação da concentração de nutrientes inorgânicos dissolvidos (NH4,NO2,NO3,PO4)

(Strickland & Parsons 1972) e seston. Amostras da camada superficial do sedimento (5 cm de profundidade amostradas com tubo extrator de 8 cm de diâmetro, N=3) serão obtidas para análise dos teores de MO, C e N. 

 

Vegetação Aquática Submersa (VAS)

A abundância da VAS será avaliada ao longo de transversais georeferenciadas, posicionadas em 3 áreas rasas do ELP, seguindo os protocolos de programas internacionais de monitoramento de fanerógamas marinhas SeagrassNet (McKenzie et al. 2001; Short & Duarte 2001). Durante os meses dos verão, monitoramentos mais intensivos serão realizados em todas as áreas rasas do estuário, para obtenção dos parâmetros de percentual de cobertura, biomassa e composição das pradarias. A biomassa da vegetação será amostrada por método de quadrados destrutivos (10x10cm), em 6 pontos ao longo de cada transversal. Em laboratório, as amostras serão manualmente separadas entre R. maritima e macroalgas, lavadas e o sedimento e fauna removidos. Nas plantas de R. maritima, a biomassa será fracionada entre aérea (folhas, caules aéreos), subterrânea (raízes e rizomas) e reprodutiva (flores e frutos). A biomassa das epífitas sobre as folhas de R. maritima será removida através de raspagem das folhas com lâmina de bisturi. A composição e parâmetros populacionais (densidade e altura das hastes, estádio fenológico, produção de flores e frutos) serão observados. O peso seco (60ºC, por 48 horas) e a fração de matéria orgânica (cinzamento a 550ºC, 12 horas) das amostras serão obtidos. As algas serão identificadas através do exame das características morfológicas do talo, estruturas reprodutivas, tecidos e das células, com o auxílio de microscopia ótica e chaves dicotômicas.

 

Macroalgas de deriva:

A ocorrência e abundância de macroalgas de deriva no ELP serão avaliadas em seis áreas rasas no Saco do Arraial, três locais expostos ao vento NE e três do quadrante sul. A abundância das macroalgas será avaliada da região intermareal ao infralitoral raso, até aproximadamente 1,0-1,5m de profundidade, ao longo de três transectos georeferenciados (200 m cada), perpendiculares à margem e distanciados 100m entre si. Em cada transecto, o percentual de cobertura será avaliado a cada 50m, em quatro quadrados não-destrutivos (50cm x 50cm), posicionados adjacentes ao transecto (total de 20 quadrados amostrais por transecto). Na ocorrência de fanerógamas submersas, o seu percentual de cobertura e altura média das hastes também serão avaliados. Quando presente, a biomassa algal será amostrada nas proximidades dos transectos através de tubo extrator de PVC (15cm diâmetro; área=176,62cm2) (N=10). Em laboratório, a biomassa das algas será triada para a remoção de sedimento, detritos, fauna e flora associados. Sub-amostras serão separadas, lavadas com água destilada e congeladas para a avaliação dos teores de carbono (C) e nitrogênio (N) no tecido algal (Analisador Elementar CHNS/O System, Perkin-Elmer, USA). Amostras serão fixadas (formol 4%) para identificação taxonômica através da análise da morfologia do talo e anatomia do tecido com o auxílio de estereomicroscopia e microscopia ótica. O peso seco da biomassa (48h a 60°C) e os seus teores de matéria orgânica (MO) (perda por ignição por 5h à 500º) serão determinados. A abundância média das macroalgas em cada local será determinada através dos valores de biomassa seca, corrigidos pelos valores médios de percentual de cobertura. Durante períodos de ocorrência de florações de macroalgas, será realizado um monitoramento mais intensivo. A partir do mesmo desenho amostral descrito acima, amostras de biomassa (N=10) serão efetuadas com tubo extrator de PVC de 25cm de diâmetro e 1 m de altura (volume 49062,5cm3) para coleta em toda a coluna d´água. Devido aos maiores valores de biomassa nessas situações, o volume de amostras de biomassa fresca será obtido in situ (proveta graduada, perfurada e acoplada com pistão para remoção do excesso de água). Sub-amostras de biomassa fresca serão coletadas, triadas e lavadas para análise dos teores de MO, C e N, e da composição taxonômica, conforme descrito anteriormente. Em laboratório, a partir do volume de biomassa determinado em campo, o peso seco das amostras será estimado através de uma reta de regressão linear descrevendo a relação entre o volume de biomassa fresca e o seu peso seco (y=-5,5+0,8399x, p<0,05, r2=0,94, N=40), obtida em testes preliminares.

 

Acúmulo e decomposição de macroalgas de deriva: efeitos nas plantas e macrofauna bentônica:

Para investigar os efeitos de acúmulos de macroalgas no estabelecimento e desenvolvimento de pradarias de fanerógamas marinhas, experimentos serão realizados durante o seu desenvolvimento, dominado por crescimento vertical e acúmulo de biomassa (verão). Gaiolas de exclusão de predadores serão dispostas sobre a pradaria, compreendendo quatro tratamentos de biomassa de macroalgas de deriva (0 g.m-2, 100g.m-2, 500g.m-2 e 1000g.m-2 de biomassa úmida) e mantidas ali por aproximadamente 10 dias. Ao final de cada experimento, uma amostragem destrutiva da biomassa de fanerógamas na região central das gaiolas será realizada com um tubo extrator de PVC (15cm diâmetro, área total de 176,62cm2) enterrado a 15cm de profundidade no sedimento. Amostras do sedimento (10cm de profundidade) serão obtidas para análise do teor de MO, carbono e nitrogênio. Em laboratório, a biomassa será lavada e triada para remoção de detritos e fauna associada e separada em parte aérea (hastes) e subterrânea (rizoma). O comprimento do rizoma e das hastes, a densidade de eixos e a ocorrência e densidade de estruturas reprodutivas e epífitas serão avaliados. O peso seco e o percentual de matéria orgânica da biomassa aérea e subterrânea serão determinados.


Para avaliar os efeitos de acúmulos de macroalgas sobre os animais bentônicos, gaiolas de exclusão de predadores serão dispostas em uma área desprovida de vegetação, às quais serão aplicados três tratamentos de biomassa algal (0g.m-2, 100g.m-2; 1000g.m-2 de biomassa úmida) em três tempos (5, 10 e 15 dias). Cada tratamento terá quatro réplicas posicionadas aleatoriamente. A biomassa de macroalgas manipulada durante o experimento será obtida em regiões vegetadas adjacentes, defaunadas, pesadas e inseridas nas respectivos gaiolas. Após períodos de 5, 10 e 15 dias, a macroafauna bentônica será amostrada utilizando-se um tubo extrator de PVC com 10cm de diâmetro (área total de 78,5cm2), enterrado até 20 cm no sedimento. Cada amostra será estratificada (0-5cm, 5-10cm, 10-15cm e 15-20cm de profundidade) para avaliação da ocupação dos organismos nos diferentes estratos. As amostras serão lavadas com auxílio de uma malha de 300μm, armazenadas em sacos plásticos, etiquetadas e fixadas em álcool e depois em formalina. Em laboratório, os organismos do macrozoobentos serão identificados e quantificados até o menor táxon possível com o auxílio de um microscópio estereoscópico (40x) e conservados em etanol 70%.