O Programa Pesquisa Ecológica de Longa Duração no Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Marinha Adjacente (PELD-ELPA) realiza estudos e monitoramento contínuo e sistemático desde 1998 (Figs 1, 2). Associado a demais programas e projetos de longo prazo executados pelo Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (IO-FURG) desde os anos setenta, o PELD- ELPA produziu um conjunto robusto de informações sobre a biota e parâmetros abióticos da região em estudo (revisões em Seeliger & Odebrecht 2010, Odebrecht et al. 2010, 2013, 2017; Fig. 3), detendo um dos mais longos e compreensivos bancos de dados ambientais em um sistema estuarino-costeiro da América do Sul (Lemos et al. 2022; Fig. 4,5). Parte destes estão depositados no Sistema Brasileiro de Biodiversidade (SiBBr) e no Global Biodiversity Facility (GBIF). Tais informações permitiram (a) descrever as variabilidades diárias, mensais, anuais e interanuais dos diversos parâmetros físicos e biológicos; (b) identificar os vetores de alterações na abundância e composição das comunidades; e (c) avaliar o tempo de recuperação de componentes bióticos do sistema após a passagem de perturbações.

O programa permitiu também identificar diferentes tipos de perturbações antrópicas (e.g. pesca, dragagens, expansão dos molhes, emissão de efluentes domésticos e industriais, atividades portuárias e introdução de espécies exóticas) e climáticas (e.g. El Niño-Oscilação Sul – ENOS). O PELD-ELPA produziu mais de 300 artigos científicos e formou mais de 200 estudantes e jovens pesquisadores de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Através da interação de diferentes laboratórios, instituições de pesquisa e organizações não governamentais, o programa avançou no conhecimento multi e interdisciplinar, dando suporte a tomadores de decisões para a formulação de políticas públicas, gestão pesqueira e uso sustentável dos recursos estuarinos e marinhos. Nos últimos anos, o PELD-ELPA intensificou atividades de divulgação e popularização da ciência, com informações de qualidade e de fácil acesso, contribuindo para a educação e conscientização ambiental coletiva (@peld.elpa). Entre os produtos científicos destaca-se dois livros sendo um deles impresso pela Springer Verlag, e um Volume Especial no periódico Marine Biology Research, com os principais resultados sobre o Sítio ELPA, representando um marco de grande importância, como reconhecimento das pesquisas realizadas sobre um sistema estuarino-costeiro subtropical, no sul do Brasil (Fig. 3). A geração de todo este conhecimento foi possível graças ao aporte financeiro fornecido pelo PELD-CNPq, FAPERGS, Portos RS e Yaqu Pacha (ONG alemã), bem como do comprometimento de servidores técnicos e docentes, e alunos de graduação e pós-graduação do Instituto de Oceanografia da FURG.

 

 Figura 1. Fases do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração no Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Marinha Adjacente (PELD-ELPA).

 

Alterações de longo prazo na biodiversidade do ELPA

Comparado a ambientes terrestres e oceânicos, ecossistemas costeiros e estuarinos apresentam alta variabilidade e dinamismo das propriedades físico-químicas e biológicas. O ELPA conecta uma extensa bacia de drenagem (200.000 km2) ao oceano, interligando ecossistemas terrestres, de água doce e estuarino-marinho, em uma zona subtropical (Fig. 2). O ELPA possui alta produtividade biológica e fornece importantes serviços locais incluindo pescarias, centro de lazer e turismo, conglomerado industrial e polo naval. Ocupando posição geográfica estratégica no extremo Sul do Brasil e Oceano Atlântico Sudoeste, o ELPA é constantemente impactado por mudanças ambientais naturais e antropogênicas, exposto a uma grande expansão das atividades humanas, as principais associadas ao Porto de Rio Grande, de caráter industrial e pesqueiro.

O PELD-ELPA permitiu compreender melhor os processos hidrodinâmicos estuarinos, os quais são controlados no curto (dias, semanas) e médio prazo (sazonal) pelo regime meteorológico local e no longo prazo (interanual) pelo modo de variabilidade climática El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e seus efeitos remotos sobre o clima regional (Möller et al. 2009). A precipitação na bacia de drenagem, a descarga fluvial e os ventos são os determinantes das condições físicas, químicas e biológicas da coluna de água e dos sedimentos. A micromaré (0,47 cm) é importante na boca do estuário, mas seu efeito é atenuado no interior do estuário. A entrada de água salgada intensifica em situações de baixa descarga de água doce (predominantes no verão e outono) e/ou ventos de SW intensos (maior frequência no inverno). A influência do El Niño causa anomalias positivas de precipitação e descarga fluvial, prolongando e intensificando os períodos de cheia e baixa salinidade na região, alterando o ciclo hidrológico sazonal. Em anos de La Niña, as baixas descargas estendem os períodos de altas salinidade, e a cunha salina pode penetrar até a zona límnica. Os impactos do ENOS promovem alterações significantes no comportamento das espécies, abundância das populações, composição e estrutura das comunidades nas funções do sistema, bem como na atividade pesqueira.

Estudos em andamento nas últimas quatro décadas forneceram informações sobre o impacto dos principais eventos naturais nesta região e o tempo de recuperação de componentes bióticos (revisões em Seeliger & Odebrecht 2010, Odebrecht et al. 2010, 2013, 2017). Modificações severas na dinâmica hidrológica e ecológica do ELPA foram observadas nas décadas de 1990 e 2000, por causas diversas. Destacam-se as modificações observadas no regime hidrológico da bacia hidrográfica do Complexo Lagunar Patos-Mirim devido principalmente às alterações climáticas que atingiram a região sul da América do Sul (Möller et al. 2009, Hirata et al. 2010, Oliveira et al. 2015, 2019, Távora et al. 2019). As alterações no regime de vazão, na qualidade da água e na estrutura e composição das comunidades causaram transformações nas funções do ecossistema e na manutenção dos recursos pesqueiros de interesse socioeconômico (Odebrecht et al. 2010, Shroeder & Castello 2010, Seiler et al. 2015). Destacam-se reduções na biomassa fitoplanctônica (Abreu et al. 2017); mudanças na composição do fitoplâncton com aumento de dinoflagelados e cianobactérias (Haraguchi et al. 2015); aumento de dominância de espécies do zooplâncton e ictioplâncton (Muelbert et al. 2010, Teixeira-Amaral et al. 2017); redução no transporte de ovos e larvas de peixes para o interior do ELP (Antônio et al. 2020); reduções na abundância e distribuição das pradarias de fanerógamas submersas (Copertino et al. 2010; Copertino et al. 2016); mudanças de fases com domínio de macroalgas oportunistas (Lanari & Copertino 2017); alterações na abundância e composição da macrofauna bentônica (Bemvenutti & Colling 2010); expansão de espécies invasoras (e.g. mexilhão dourado); flutuações na abundância e diversidade da ictiofauna (Garcia et al. 2004); reduções na safra de recursos pesqueiros (Möller et al. 2009, Vieira et al. 2008, Dummont & D´Incao 2010). As alterações hidrológicas e reduções na abundância dos fundos vegetados (pradarias de Ruppia maritima) possuem consequências drásticas nas funções ecológicas como: redução de habitats estáveis para a invertebrados e estágios larvais e juvenis de peixes (Misturini e Colling 2021, Costa et al. 2015), desestabilização do sedimento, aumento da turbidez da água, alteração de ciclos biogeoquímicos e redução nas taxas de retenção da matéria orgânica nos sedimentos estuarinos (Copertino et al. 2016). No médio e longo prazo, as alterações na biota e nas funções ecológicas ameaçam a conservação de recursos pesqueiros locais como camarão-rosa, tainha e corvina, os quais dependem do estuário em diferentes fases dos estágios de vida (D´Incao & Dumont 2010, Ruas et al. 2011, Costa et al. 2015, Lemos et al. 2021).

Sob condições de El Niño forte ou moderado, as altas descargas fluviais inibem o transporte de ovos e larvas de peixes e camarões marinhos para o interior do estuário (Martins et al. 2007; Bruno & Muelbert 2009), causando a redução do recrutamento de espécies como a savelha Brevoortia aurea, corvina Micropogonias furnieri (Vieira et al. 1998, Costa et al. 2015) e camarão- rosa Pennaeus paulensis (Möller et al. 2010). Esse cenário é intensificado durante períodos prolongados de baixa salinidade, com o aparecimento de larvas e juvenis de espécies de água doce como mandi Parapimelodus nigrebarbis. Os impactos da expansão dos Molhes da Barra de Rio Grande interferiram na hidrodinâmica local, reduzindo o ingresso de ovos bem como a abundância das larvas de peixes (Antonio et al. 2020). Adicionalmente, anos regidos por El Niño apresentam modificações na composição de peixes estuarinos residentes, promovendo um aumento na diversidade trófica devido a migração de peixes de água doce, que possuem hábitos alimentares distintos, para as regiões baixas do estuário (Garcia et al. 2004).

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura. 2. Localização do Sítio 8 - Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Marinha Adjacente (ELPA) no sul do Brasil. A Lagoa dos Patos é a maior laguna estrangulada do mundo (1.036.000 ha), se estendendo por mais de 200 km de Porto alegre (30o30´S) a Rio Grande (32o12´S) na costa Atlântica da América do Sul. Na parte sul, o Acima e a direita, a imagem de satélite destaca a forma afunilada da laguna e a influência da pluma de sedimento durante um período de alta precipitação de inverno (30 de agosto de 2013). Imagem cortesia da USGS and NASA’s Ocean Biology Processing Group. A esquerda, localização de algumas estações de coleta do PELD-ELPA. Estuário da Lagoa dos Patos e costa marinha adjacente.

 

Uma perturbação biológica recém detectada no ELP, indicador de alteração ambiental, são as proliferações anômalas de três espécies de hidromedusas (Cnidaria, Hydrozoa) invasivas como Cnidostoma fallax, encontrada em densidades extremamente elevadas (~11.000 organismos m-3) (Teixeira-Amaral et al. 2017). Tais proliferações são seguidas por redução da biomassa de copépodes (Teixeira-Amaral et al. em revisão). Os efeitos desses episódios sobre espécies que ocupam o mesmo nicho, assim como sobre outros níveis trófico e a pesca, são ainda desconhecidos. Consumidores de níveis tróficos mais elevados tendem a ser mais resilientes ou os reflexos das alterações podem demorar para serem detectadas. No ELPA a abundância e potencial reprodutivo dos predadores de topo da população de botos (Tursiops truncatus gephyreus) permanecem estáveis desde a década de 1970 (Castello & Pinedo 1977, Fruet et al. 2011, 2015a, b). Esta população parece ser altamente resiliente e apresenta estabilidade em seus parâmetros populacionais (e.g. Fruet et al. 2021), a despeito das grandes variações ambientais e na produção primária do estuário.

Ao longo desses 25 anos de PELD-ELPA foi possível elucidar as relações tróficas existentes no ELPA, mapeando teias e cadeias alimentares do sistema, analisando níveis e intensidade dos elos tróficos entre consumidores e a base da cadeia, identificando dependência trófica de consumidores com fontes de carbono e variabilidade na biomassa de produtores primários (Lanari et al., 2018; Possamai et al. 2018, 2020, 2021a, b, Belarmino et al. 2021). Análises isotópicas revelaram que as alterações na biota afetaram as fontes de carbono e os atributos tróficos (Garcia et al. 2017, Secchi et al. 2017, Possamai et al. 2018, Lanari et al. 2020). A intensidade das vias tróficas bentônicas e pelágicas que sustentam consumidores estuarinos não são caracterizadas por uma arquitetura estática no tempo, mas são impulsionadas dinamicamente pela variação intra e interanual na disponibilidade de fontes basais (Lanari et al. 2021). Isto é extremamente relevante quando se modela a estrutura das teias alimentares estuarinas.


Figura 3. A esquerda, capa do livro “O estuário da Lagoa dos Patos: um século de transformações”, editado e organizado por Ulrich Seeliger e Clarisse Odebrecht (Editora FURG). A direita, capa da volume temático “Biota of the Patos Lagoon Estuary and Adjacent Marine Coast: Long-term Changes Induced by Natural and Human-related Factors”, publicado no periódico Marine Biology Research em 2017.

 


Figura 4. Etapas do ciclo de vida do banco de dados do PELD-ELPA: da coleta de dados à integração no Global Biodiversity Information Facility (GBIF). (a) Time line do banco de dados do PELD-ELPA; (b) processos de controle de qualidade; (c) processos de validação técnica, formatação e registro da base de dados do PELD- ELPA no GBIF.

 

Alterações nos Recursos Pesqueiros e Socioeconomia da Pesca

Perturbações naturais e antrópicas intensas, como elevado esforço de pesca, causam colapso e eventual extinção das espécies pesqueiras. Mudanças no ciclo de vida, atividade pesqueira e gestão dos principais recursos pesqueiros do ELPA têm sido estudadas desde a década de 1970. O status atual dos recursos pesqueiros é crítico, com uma redução de 60% nos desembarques em Rio Grande (Haimovici & Cardoso 2017). Capturas intensas causaram o colapso de populações de peixes carnívoros, levando a atividade pesqueira a direcionar sua captura a espécies de menor nível trófico e menor tamanho individual (Reis et al. 1994, Reis & D’incao 2000, Haimovici & Cardoso 2016). Os estoques de bagres Genidens barbus e G. planifrons (Reis 1996), Pogonias cromis e raia viola Rhinobatos horkelii entraram em colapso no início de 1980. O estoque de camarão-rosa Penaeus paulensis foi reduzido devido a pesca intensa de subadultos no estuário e de adultos no mar. Espécies de corvina como a Micropogonias furnieri, Macrodon atricauda, a corvina argentina Umbrina canosai e Cynoscion guatucupa, que juntos representam mais da metade dos desembarques locais de peixes marinhos estão superexplorados. A anchova,

Pomatomus saltatrix, espécie pelágica e migratória, a tainha Mugil liza e o caranguejo azul Callinectes sapidus estão no limite da exploração. A atual fiscalização é insuficiente e o esforço de pesca é intenso, tanto industrial como de pequena escala. Adicionalmente, os efeitos do El Niño e das altas descargas fluviais sobre a biologia e ecologia de espécies de peixes e invertebrados (Garcia et al. 2001, 2003, 2004, D´incao & Dumont 2010) revelam impactos negativos sobre os estoques e safras das espécies pesqueiras de peixes e camarão (Castello & Möller 1978, Vieira et al. 2008; Möller et al. 2009). Portanto, o futuro dos recursos pesqueiros estuarinos e costeiros do ELPA é incerto. A recuperação de espécies de grande porte, de vida longa e de níveis tróficos mais altos depende da redução urgente e drástica dos esforços de captura, através da gestão e fiscalização eficientes. A recuperação e manejo dos estoques passa também pelo zoneamento do ELPA, com criação de áreas protegidas livres de pesca, para garantir a manutenção dos habitats de alimentação e reprodução.

A atividade pesqueira no ELPA envolve cerca de 30 mil pessoas, direta e indiretamente (Abdallah & Hellebrandt 2012). A mudança climática está aumentando a suscetibilidade e vulnerabilidade das famílias de pescadores locais, já impactada pela redução dos estoques (Hellebrandt et al. 2009; Hellebrandt et al. 2010). A dimensão social e econômica dos efeitos de eventos climáticos extremos foi investigada sobre a pesca artesanal do camarão-rosa, a qual sustenta diretamente mais de 1300 famílias de pescadores artesanais, e gera mais de 50% da receita anual média da atividade pesqueira em anos estáveis. A análise revelou uma perda econômica média em torno de US$ 7,4 milhões em anos de El Niño forte e moderado (Abdallah & Hellebrandt 2012). Considerando que em anos estáveis a receita da pesca do camarão-rosa gira em torno de US$ 9 milhões, os impactos representam uma perda de produção de mais de 80% em anos de El Niño intensos, com efeitos negativos para o setor pesqueiro artesanal e industrial.

Portanto, através da integração dos conhecimentos oceanográficos, ecológicos, sócio- econômicos e de dimensão humana, os resultados do PELD-ELPA contribuem para subsidiar a gestão pesqueira local, a formulação de políticas públicas e para a construção de sistemas pesqueiros mais sustentáveis e adaptativos, mediante as incertezas climáticas.

 

Impactos da Pesca sobre a Biodiversidade  

No ELPA, alguns aspectos das atividades pesqueiras causam impactos negativos sobre a biodiversidade, gerando conflitos frequentes entre o setor pesqueiro, ambientalistas e órgãos ambientais, como (a) captura incidental, (b) capturas acidentais de espécies ameaçadas (Vasconcellos & Kalikosky 2014, Prado et al. 2013, 2021, Secchi et al. 2021,) e (c) captura de estágios juvenis pela pesca de arrasto de fundo, de espécies de interesse econômico local e regional (Cardoso et al. 2018, 2021) e (d) impacto da pesca de arrasto sobre os habitats bentônicos. A pesca do camarão-rosa no estuário, por exemplo, somente é autorizada com o uso da técnica do “aviãozinho” (pesca passiva que utiliza uma atração luminosa). Porém, muitos pescadores artesanais ainda utilizam o “berimbau” (arte de pesca de arrasto), causando impactos como ressuspensão de sedimentos e contaminantes, destruição de fundos vegetados, modificações na cadeia trófica e uma taxa média de descarte (bycatch) de 86% (Ortega et al., 2018; Rezende et al., 2019).

Através da compreensão da magnitude destes efeitos (redução da biodiversidade marinha e impacto na socioeconomia local/regional), o PELD-ELPA está construindo cenários de redução da pesca de arrasto combinado com o ordenamento e redução do esforço da pesca de emalhe, visando a sustentabilidade da atividade pesqueira e diminuição da captura incidental de espécies ameaçadas. Estas ações visam um equilíbrio entre o uso sustentável dos recursos pesqueiros e a conservação da biodiversidade marinha.Impacto dos Resíduos Sólidos

Bem mais recentemente, os resíduos sólidos estão sendo estudados através do monitoramento da plastisfera na região do Balneário do Cassino, importante destino turístico de verão. Diversos grupos de organismos foram encontrados vivendo aderidos e/ou associados aos plásticos, com uma maior diversidade dentro do grupo de eucariotos do que de procariotos. A biota da plastisfera apresenta sazonalidade, com maior diversidade no inverno e no outono e menor no verão. Amostragens de plástico no ELPA sugerem que os Molhes da Barra devem atuar como uma barreira para o acúmulo de lixo na desembocadura do ELP. Além disso, o aporte de lixo plástico de origem continental e aqueles oriundos das atividades pesqueiras são importantes meios de introdução de lixo plástico no oceano (de Ramos et al. 2021).

 

Impactos na Gestão e Políticas Públicas

Resultados do PELD-ELPA subsidiam importantes discussões realizadas no âmbito da sociedade, como por exemplo o Fórum da Lagoa dos Patos, entidade para a gestão participativa que abrangem 4 municípios que ficam as margens da Lagoa.

Um exemplo de impacto relevante para gestão e políticas públicas foi a elaboração de cenários de deslocamento da pesca de arrasto de fundo pela plataforma continental do litoral do Rio Grande do Sul, onde se avaliou os efeitos sobre a biodiversidade marinha e sobre a economia local/regional (Cardoso et al. 2018, 2021). Os resultados do estudo demonstraram que a eliminação do arrasto de fundo no mar territorial do Rio Grande do Sul pode incrementar os estoques pesqueiros disponíveis e, consequentemente, a renda para os pescadores artesanais e industriais que atuam dentro e fora das 12 milhas náuticas. Esse estudo subsidiou ação de política pública, onde o estado do Rio Grande do Sul proibiu em 2018 a pesca de arrasto nas 12 milhas náuticas da faixa marítima da zona costeira. Este exemplo é um caso real e prático da aplicação da interdisciplinaridade e da coparticipação, na elaboração e rápida implementação de uma política pública.

Outro exemplo se aplica no reconhecimento e valorização de uma espécie da megafauna de grande relevância ecológica e cultural para a região: o Boto-de-lahille (Tursiops truncatus gephyreus). Este predador de topo fornece serviços ecossistêmicos essenciais, culturais, estéticos e de bem estar, promovendo ainda atividades de turismo ecológico com divisas para o município. Como resultado direto da interação universidade, organizações não governamentais e governo municipal, o Boto-de-lahille foi declarado em 8 de junho de 2022 patrimônio cultural natural do município do Rio Grande, RS. Ao promover ações de conservação desta espécie, esta Lei tem o potencial para contribuir para a conservação dos habitats costeiros e marinhos da região.

 

Presente e Futuro

Na fase atual, propomos utilizar o conjunto de informações acumuladas ao longo das últimas quatro décadas para testar hipóteses baseados em teorias ecológicas sobre atributos e o comportamento do sistema em longo prazo, essenciais para construir cenários preditivos, frente a 

ameaça crescente de perda de biodiversidade e emergência climática. O objetivo principal do PELD- ELPA Fase 5 (2020-2024) é identificar as relações entre diversidade biológica e funcionalidade ecossistêmica em diferentes níveis (e.g. populações, comunidades, grupos funcionais, níveis tróficos, sistemas), avaliando a estabilidade de longo prazo e a resiliência ecológica do ELPA frente às perturbações naturais e antrópicas. Para isto, o extenso banco de dados deverá ser mais bem explorado e analisado de forma mais integrada, utilizando modelos probabilístico, com foco na conservação da biodiversidade, provisão de serviços ecossistêmicos e a sustentabilidade de longo prazo. O conhecimento científico deverá ser traduzido em informações de fácil acesso por gestores ambientais, formuladores de políticas públicas, educadores, organizações não governamentais pela sociedade em geral, que deseja entender estes importantes ecossistemas costeiros do Sul do Brasil.

Numa visão sistêmica, o ELPA pode ser considerado como uma grande unidade ambiental costeira, composta em seu corpo d’água e em suas margens por um mosaico de sistemas ambientais, caracterizados por ecossistemas e por sistemas socioecológicos. Um grande desafio do PELD-ELPA para o breve futuro é iniciar um processo de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), com a proposta de criar uma ou um mosaico de Unidades de Conservação, com diferentes níveis de uso e restrição em função das múltiplas possíveis relações entre significância ecológica e demanda socioeconômica das áreas do ELPA. A viabilidade deste processo está ancorada no uso e integração das informações geradas ao longo das últimas décadas, através do PELD-ELPA.

 

 

Figura 5. Linha do tempo do PELD-ELPA com destaque para artigos estratégicos e participações em políticas públicas. 1- Journal of Fish Biology, 2-Brazilian Journal of Biology, 3- Scientia Marina, 4- Continental Shelf Research, 5- Brazilian Archives of Biology and Technology, 6- Editora FURG, 7- Journal of Geophysical Research: Oceans, 8 e 9-Estuaries and Coasts, 10- Revista Brasileira de Zoologia, 11- Capitulo 10 em Tabarelli et al. 2013: PELD-CNPq 10 anos do programa de pesquisas de longa duração no Brasil, 12, 19 e 21- Estuarine, coastal and shelf Science, 13- Journal of Aquatic Food Product Technology, 14-16-17- Marine Biology Research, 15- Thematic Issue No. 9, Marine Biology Research, 18- Frontiers in Marine Science, 20- Ocean and Coastal Management, 22- Hydrobiologia, 23- Earth System Science Data, 24- Regional Studies in Marine Science. Barra inferior: produção total por período: AC- Artigos científicos publicados em periódicos, T- Tese de doutorado, D- Dissertação de mestrado, O- outras publicações (monografias, livros, capítulos de livros, artigos de divulgação cientifica).

 

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